Em fevereiro deste ano, o Uruguai foi o primeiro país latino-americano a se juntar a este espaço de trabalho de países com os governos mais digitalizados do mundo.
Durante a cúpula D9 realizada em Jerusalém, o Uruguai assumiu a presidência do grupo. Juan Andrés Roballo, Secretário Adjunto da Presidência da República, informou que isto implica organizar a cúpula no próximo ano em nosso país e, ao mesmo tempo, liderar os grupos de trabalho sobre identidade digital, inteligência artificial e direitos digitais.
Inicialmente conhecido como D5 devido ao número de países (Coréia do Sul, Estônia, Israel, Nova Zelândia e Reino Unido) que faziam parte dele no início, é um grupo criado em 2014 que reúne os líderes do Governo Digital. Em fevereiro de 2018 foi renomeado D7, com a adesão do Canadá e do Uruguai; e a partir desta cúpula, passou a se chamar D9 após a inclusão do México e de Portugal.
O objetivo coletivo é o de compartilhar experiências e lições aprendidas, com a missão de alcançar serviços mais eficientes para a população dos países. Além das sessões plenárias, a delegação, presidida pelo Procurador da Presidência, realizou reuniões bilaterais com o Ministro de Israel, Gila Gamliel (equidade social); Estônia, René Tammist (empreendedorismo e TI); República da Coréia, Kim Boo Kyum (interior e segurança) e Portugal, Maria Marques (modernização administrativa).
"No Uruguai, a introdução da tecnologia tem sido uma ferramenta fundamental para a equidade e a inclusão social, valores que estão no centro de nossas políticas públicas digitais", disse Roballo. Além do acesso universal à Internet, a rastreabilidade do gado e o Plano Ceibal, entre outros projetos, o Plano Ibirapitá - que se concentra na inclusão digital da terceira idade - captou especialmente a atenção daqueles que participaram da Cúpula.
Inteligência Artificial e ética: eixos do trabalho
Quanto ao espaço de trabalho em inteligência artificial, Roballo observou os benefícios e o progresso que seu uso implica em áreas do conhecimento humano como saúde, educação, indústria, agricultura, energia, entre outras; entretanto, ele advertiu sobre os estudos internacionais que alertam sobre os riscos envolvidos e as precauções que devem ser tomadas.
A título de exemplo, ele mencionou os algoritmos tendenciosos, a falta de transparência nos mecanismos automatizados de tomada de decisão, o enfraquecimento do sistema democrático quando a opinião pública é afetada por desinformação ou mentiras deliberadas, bem como a afetação da privacidade das pessoas.
Ele enfatizou que a tecnologia e a estrutura legal não são garantias suficientes, mas que também é necessário incorporar outras disciplinas, como a ética. Segundo Roballo, "o supervisor europeu de proteção de dados gerou um espaço de trabalho sobre o assunto; não para indicar o que é certo ou errado, mas para gerar uma reflexão sobre o desenvolvimento das pessoas e o respeito por sua dignidade".
No Uruguai e de uma perspectiva transversal, Agesic promove uma estratégia para a aplicação da Inteligência Artificial no Governo Digital. O Miem está trabalhando em um roteiro para a ciência dos dados e aprendizagem de máquinas com foco no desenvolvimento produtivo do país. Da mesma forma, o Plano Ceibal criou um comitê de ética formado por especialistas de múltiplas disciplinas e setores.
Roballo convidou a aprofundar um trabalho que envolve o conceito de ética por padrão, ou seja, que os desenvolvimentos tecnológicos não podem ser realizados sem uma estrutura ética.
A agenda de trabalho incluiu reuniões nas quais o diretor executivo da Agesic, José Clastornik, participou, onde os países concordaram em uma declaração conjunta que reconhece a necessidade de elaborar políticas e regulamentos apropriados que permitam compreender, medir e analisar os resultados e as decisões ao utilizar a Inteligência Artificial.
Finalmente, o Uruguai apresentou o progresso do país nos últimos meses, destacando iniciativas como a digitalização de procedimentos, o portal gub.uy, Blockchain em registros públicos, infra-estrutura de dados espaciais, identidade móvel e o centro de operações de segurança digital.
"Estamos contribuindo para construir a direção do governo digital globalmente e fazendo parte do debate sobre questões que impactam nossas estratégias nacionais", concluiu Clastornik.
Fonte: Agesic
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