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Queremos ser meros espectadores ou construtores de nosso próprio futuro?

2/10/17

O setor de Tecnologia da Informação está mudando o mundo, os cidadãos e as empresas no Uruguai devem ser claros a respeito disso para orientar nossas decisões futuras.
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Queremos ser simplesmente tomadores de decisão para outros ou queremos tomar a iniciativa e participar ativamente na construção de nosso futuro.

 

Acredito que o Uruguai está em posição de ser um jogador-chave no mundo inteiro no campo da Tecnologia da Informação. Como mencionei na coluna anterior, sua indústria demonstrou que pode ser reconhecida internacionalmente, fornecendo serviços de alto valor agregado e produtos de alta tecnologia que são utilizados pelos países mais avançados nesta área.

 

Hoje estamos enfrentando uma convergência de tecnologias que estão acelerando as mudanças em todas as áreas da atividade econômica, é como um furacão que à medida que avança está aumentando sua força. Várias indústrias estão muito próximas ao olho da tempestade e estão sendo totalmente modificadas, e aquelas que estão mais distantes à medida que o tempo avança estão em muito maior perigo.

 

Estas tecnologias que por si só têm um alto impacto, juntas são aprimoradas, podemos falar sobre elas: Internet das Coisas, BigData, robótica, inteligência artificial, genética, impressoras 3D, blockchain, biotecnologia, nanotecnologia e computação quântica. Um coquetel altamente efervescente que está provocando grandes mudanças.

 

Para que possamos ser participantes ativos desta nova revolução, temos que ter um forte foco na educação, no apoio às empresas da Câmara Uruguaia de Tecnologias da Informação (CUTI) e às agências governamentais que têm impacto na inovação, como a Agência Nacional de Pesquisa e Inovação, na promoção do país, como o Instituto Uruguai XXI, e no governo eletrônico, como o AGESIC.

 

No caso da educação, o Plano Ceibal teve uma excelente visão do futuro e tem um programa chamado Laboratórios Digitais. Esses laboratórios, que são cerca de 200, fornecem equipamentos, robótica, impressoras 3D e sensores para trabalhar com a Internet das coisas, o que permite aos estudantes ter contato com três desses vetores que estão impactando o futuro. Por exemplo, os estudantes podem realizar projetos que envolvem várias disciplinas, como foi o caso mais conhecido dos estudantes Tala, bem como estações meteorológicas de teste que os ajudam a entrar no mundo da Internet das Coisas e a posterior análise das informações. Eles também tomam como estrutura conceitual o pensamento computacional, que consiste em usar o pensamento lógico para ter um bom nível de abstração e assim identificar, simplificar e resolver problemas complexos.

 

Tudo isto está preparando nossos jovens, é um grande sinal, mas não é suficiente, todos os centros educacionais do país já deveriam estar experimentando estes temas, não podemos cair no erro de que estes são temas que virão, já estão em todo o mundo, já estão em nosso país e já têm um impacto no Uruguai.

 

As empresas do setor de TI estão trabalhando ativamente para que mais pessoas escolham trabalhar com elas. Não só são necessários talentos técnicos, mas também talentos de diferentes ramos, para que com a diversidade de profissões o setor se enriqueça. Mas ainda é importante aumentar a matrícula em carreiras técnicas em diferentes universidades. De acordo com o anuário estatístico do Ministério da Educação e Cultura, apenas 350 pessoas se formaram em 2015 em carreiras técnicas diretamente relacionadas com o setor de Tecnologia da Informação (TI).

 

O setor de TI hoje não pode aceitar mais trabalho de seus clientes, novos projetos, porque não tem pessoas para levá-los adiante. Uma pessoa para participar deste setor não pode ser formada da noite para o dia. É necessário que mais jovens decidam estudar carreiras que apoiem esta indústria, entre elas as tecnológicas, mas também é necessário que contadores, economistas, especialistas da indústria, etc., vejam que este setor demandará muito mais talento no futuro e que é um excelente lugar para desenvolver e aplicar seus conhecimentos. É por isso que insisto na questão educacional e na importância de tornar o estudo e o treinamento profissional atraentes para nossos jovens.

 

A CUTI, juntamente com o Plano Ceibal, a participação ativa de várias empresas parceiras da CUTI e o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), lançou no ano passado um programa chamado Jóvenes a Programar, este programa superou todas as minhas expectativas, inscrevendo em uma primeira instância mais de 12.000 jovens entre 17 e 26 anos, para programar cursos que não requerem experiência prévia e sendo totalmente gratuito para o estudante. Após um processo de seleção de aptidões, disponibilidade de cursos e locais, mais de 1.100 jovens estão fazendo cursos em 50 centros distribuídos em todo o país, utilizando a infra-estrutura tecnológica do Plano Ceibal. Todos os cursos são ministrados por profissionais das empresas parceiras da CUTI. Hoje temos que entender que muitos jovens vêem esta indústria como uma forma de garantir seu futuro, por isso precisamos que os diferentes atores do país prestem mais atenção a esta mudança e assim apoiem a mudança de nossa matriz produtiva.

 

Além disso, a CUTI está trabalhando em conjunto com o INEFOP em um projeto que foi nomeado B_IT para treinar em quatro anos cerca de 4.000 pessoas em carreiras técnicas de pelo menos dois anos, permitindo-lhes com este treinamento serem empregados em empresas do setor, mas sem perder de vista a evolução de sua formação formal em instituições reconhecidas pelo MEC, bem como a formação interna fornecida pelas empresas. É importante que todo o país participe deste setor, por isso todos estes projetos de âmbito nacional estão sendo realizados, o MIEM, INEFOP, CUTI, as universidades e o Uruguai XXI estão realizando atividades de divulgação e sensibilização em várias cidades do país, desde Juan Lacaze, passando por Paysandú, Salto, Rivera, Maldonado, etc.

 

Também é necessário que outras indústrias vejam que, inovando, usando a Tecnologia da Informação, podem criar novos negócios, conquistar novos mercados e se posicionar fortemente em seu setor de atividade.

 

Neste sentido, uma atividade que a CUTI está fazendo é a chamada Hackathon, que permite a curto prazo abordar um conjunto de iniciativas e analisar a viabilidade de sua realização, por exemplo, estes 9 e 10 de setembro foi realizada a segunda Hackathon AGRO, que busca sensibilizar um setor tão importante da economia nacional, para ser um usuário mais intensivo da Tecnologia da Informação. Esta atividade foi realizada no Rural del Prado, em conjunto com a Associação Rural do Uruguai e a Embaixada Britânica no Uruguai e nesta edição se juntou à Fundação Da Vinci. Neste caso, permite, por exemplo, analisar se é viável o uso de zangões para a segurança das fazendas de gado. Mas, além disso, outras atividades estão sendo trabalhadas com outras indústrias, o que irá melhorar o que já foi feito com a agricultura.

 

Não podemos perder de vista a velocidade com que as mudanças estão ocorrendo e como elas estão afetando todos os setores da atividade econômica.

 

Se todos nós no ecossistema de TI trabalharmos juntos, certamente conseguiremos não ser meros espectadores e ser construtores de nosso próprio futuro.

 

Eng. Leonardo Loureiro

 

Agosto 2017 | Nós somos o Uruguai

 

 

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